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  • Foto do escritorIsabella Fernandes

ESSE TEXTO É UMA EXPLICAÇÃO DA MINHA DOENÇA:

Já escrevi algumas vezes sobre a dor em si, mas nunca cheguei a explicar o que ela realmente é. Pra ser sincera eu não gosto de falar sobre isso, eu tenho vergonha, eu tenho nojo. Mesmo a dor sendo minha realidade, minha rotina é difícil pra mim, falar sobre se faz um desafio é tanto, não porque eu temo o que as pessoas vão pensar, nunca liguei muito pra isso, mas sim porque eu temo o que eu vou pensar de mim. Eu tenho diagnóstico de dor crônica generalizada e enxaqueca crônica, o que isso quer dizer? Bem... em palavras médicas: Quando você bate o dedinho do pé, seu corpo vai mandar essa informação pro seu cérebro e ele vai reagir enviado "A dor", depois ele vai começar a produzir substâncias pra amenizar a dor e/ou cicatrizar o ferimento, comigo não acontece assim... Meus neurônios não processam bem a dor, eles não sabem dizer de onde ela vem nem com trata-la, então se eu bato meu pé elas associam que meu corpo inteiro está doendo, não tendo, assim, como cura-lo. Em palavras mais simples: eu tenho dor em todo corpo e enxaqueca constantemente (Sim, o tempo todo, 24h por dia, 7 dias por semana) e isso não tem cura, vou ficar sentindo dores para o resto da vida. Okay, pode parecer impossível pra você que alguém tenha uma dor física que nunca vai passar, acho que há uns anos atrás essa ideia me pareceria improvável também. Mas isso acontece, acontece comigo, a dor esmaga-me diariamente como uma pedra invisível pressionando meu corpo. A dor crônica pode ser tão forte a ponto da pessoa quer se mutilar, bater a cabeça contra a parede ou até mesmo se matar, simplesmente porque viver com dor te enloquece. Você perde sua vida, seus amigos, sua rotina, alegria... Você se perde nela. Eu tenho lutado ao lado da minha mãe por 1 ano e meio mais ou menos, e temos muito ainda pra passar. Eu parei de frequentar a escola, mal tenho vida social, não brinco mais com minha cachorra, não canto no chuveiro, não passo horas infindas lendo ou nadando no mar... Tudo muda com a dor, inclusive a gente. Não sorrio com a mesma frequência, nem brinco, quem me conhece antes disso sabe que era uma pessoa bem alegre, eu gosto de espalhar luz por aí. Eu sei que quem me vê hoje na rua não consegue enxergar o que eu escrevo, eu tento não transparecer a dor. Tento fingir que ela não está ali, que tudo quanto é som não me incomoda, que a luz não me cega, e acima de tudo que eu não estou cansada de lutar contra mim. Mas eu tenho fé, fé que um dia não precise fingir tanto, que eu possa comer, me trocar sozinha e sair também, que eu volte a fazer meus amigos sorriem, e a cantar desafinada minhas canções favoritas... Eu ainda tenho esperanças que me corpo um dia não será uma prisão.

Com toda minha dor, Eu

P.s.: Obrigada Dra. Lívia e Dr. Mathias, e especialmente minha mãe, por me acompanharem e me curarem

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