O som do mar me chamando impedia minha leitura, minha pouca concentração a qual dedico a livros e música escorria por entre meus dedos como areia ao som daquele chamado.
Como uma boa filha atendo o chamado... Água fria, os peixes se esfregando no meu pé, o céu tão límpido sem nuvens, por alguns instantes desejara ter asas para acompanhar o voo dos albatrozes.
Gosto de caminhar pelo mar, gosto de estar no mar na verdade, mas acho que todo mundo deveria se sentir bem em casa. Olhava pro chão com cuidado, como disse os peixes se esfregavam nos meus pés, parava repetidas vezes para, como os peixes, ser arrastada pela maré, amo essa sensação de deixar ser levada por algo maior seja o mar ou um sentimento... As pessoas sempre acham meio estranho me acompanhar em ambos, eu sou um tipo meio estranho.
Ao longe vi um pescador, minha mente fez crer que ele pescava sonhos naquela tarde, o mar parecia propício a sonhos, sonhos calmos que embalam nossa noite e a gente esquece ao acordar. Talvez pescasse sonhos mesmo, tinha um jeito cansado o homem, talvez precisasse de sonhos, a gente nunca sabe o que se passa na cabeça dos outros.
Mais pra frente um garotinho sorri pra mim espirrando água na minha roupa, não me dou bem com crianças, mas gostei daquele menino de sorriso leve de quem se brinca.
Gosto de observar as pessoas, em sua simplicidade, seus diálogos esquecidos, levados pelas ondas ou pelo tempo.
Refaço meu caminho, passo a passo, os peixes já estão longe, são outros que me acompanham agora e a criança também não está mais lá, quando passo pelo pescador o observo por mais uns instantes, espero que tenha conseguido os sonhos dele.
A sensação das ondas quebrando em meu corpo me acompanha até mesmo quando retorno ao meu livro para fazer o que eu faço de melhor me perder, seja nas histórias, no mar ou em mim...
Para: Mar, meu lar Com todo meu amor, Eu.
